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terça-feira, 6 de outubro de 2015

O Carro, O Telefone, Alessandra e Eu

Bea Elsborg

Senti o telefone vibrar no bolso esquerdo da calça. Enquanto segurava o volante com a mão direita e continuava acelerando, utilizei desajeitadamente a mão esquerda para passar embaixo do cinto de segurança e conseguir tirar o telefone do bolso da minha calça de sarja.

A escuridão da noite atingia o interior do meu carro. A penumbra se interrompeu quando apertei o botão do celular. Um olho no caminho e outro na tela do celular. Uma mão no volante e a outra no celular. Uma mensagem de Whatsapp atravessava a tela com os dizeres “Amor: Vê se hoje você não se atrasa (emoji de coração)”.  Meu coração deu um pulo, sorri, soltei o volante e mudei de marcha. O telefone continuava na mão esquerda que desajeitadamente procurava o bolso da calça. A voz de Alessandra do Waze ressonou no carro: “Em 500 metros, vire a direita”.

Um barulho seco ecoou no interior do automóvel. “Droga!” resmunguei. Deixei o telefone cair. Tirando a vista do caminho, tentei utilizar meu pé esquerdo para chutar o telefone até algum ponto onde conseguisse pegá-lo. O motor ronronava, mudei de marcha, e continuei. “Em 200 metros, vire a direita”

Senti o aparelho bater contra a porta. Continuei de olho no caminho, enquanto me abaixava para recuperá-lo. “Pronto!” Gritei enquanto segurava o telefone na mão esquerda. “Em 100 metros, vire a direita”. Justo no momento em que um carro vermelho se incorporava na minha faixa, tentei parar, volante à direita, buzinei. O som de pneus, buzinas e lâmina de auto se espalharam pela Marginal Pinheiros.

“Em 500 metros, vire a esquerda para retorno”.

“Droga! Vou me atrasar de novo” repeti para mim mesma. 

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